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Setor de bebidas abre mercado para engenheiros

Publicado em 27 de setembro de 2019 às 17:37, com última atualização em 18 de setembro de 2020 às 12:23

A cerveja – uma das bebidas mais antigas do mundo – e seu processo de fabricação envolvem diversos ramos da Engenharia. Essa cadeia produtiva tem gerado oportunidades principalmente na área da Engenharia de Produção, Alimentos, Química, bem como Bioquímica, Bioprocessos e Biotecnologia.

O mercado cervejeiro, portanto, pode ser uma alternativa de trabalho para os profissionais de Engenharia. O engenheiro de produção, por exemplo, desenvolve e gera processos desde a cervejaria até a produção de equipamentos e insumos. Cabe ao engenheiro de alimentos atuar na fabricação, no monitoramento da matéria-prima, bem como na embalagem e transporte. Já o engenheiro químico, trabalha no processo de transformação.

O setor cervejeiro também é promissor para o engenheiro bioquímico, que trabalha com processos fermentativos ou enzimáticos na linha de produção. Além disso, o engenheiro de bioprocessos e biotecnologia também cuida das partes da produção em que acontecem transformações físicas e químicas no processo de fabricação.

Extensão comercial

Outro mercado em ascensão no campo da Engenharia é a indústria de maltaria. O malte utilizado é obtido a partir da cevada para produzir cerveja. Além de envolver o engenheiro na produção da bebida, as cervejarias industriais incluem esses profissionais no setor de qualidade, assim como na área de gestão de pessoas e negócio empreendedor.

A ex-Conselheira do Crea-ES e professora da Ufes, engenheira química Iara Pinheiro participou de visita técnica à cervejaria Ambev, em São Paulo. Iara ressalta que o mercado cervejeiro vem passando por uma grande extensão, tanto nos grandes rótulos, como nas microcervejarias. Desse modo, o engenheiro tem papel fundamental nesse ramo comercial.

Iara Pinheiro explicou ainda que o engenheiro químico e o engenheiro de alimentos exercem função no controle do processo fermentativo, assim como no controle de qualidade do produto. “Além disso, o profissional apresenta inovações na diversificação dos produtos das técnicas aplicadas dentro dos processos, visando minimização dos custos de produção”, disse a engenheira química.

Economia capixaba

Para o Espírito Santo, o cenário é de otimismo. A engenheira agrônoma Ingrid da Mata Gonçalves destacou o crescimento do mercado cervejeiro no Estado. “O capixaba é adepto à novidade, e tanto grandes como pequenas empresas, estão em constante busca de preço e qualidade para a melhoria no atendimento ao consumidor”, avalia.

Nesse sentido, um levantamento feito em 2018 pela Secretaria de Estado da Agricultura (Seag) e Associação dos Cervejeiros Artesanais do Espírito Santo (Acerva-ES), calculou 15 cervejarias no Espírito Santo certificadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e mais de 600 pessoas que fabricam a bebida para consumo próprio.

De acordo com a Acerva-ES, o Estado produz em torno de 80 a 100 mil litros de bebida por mês. O negócio, que atrai cada vez mais capixabas, representa uma massa salarial de mais de R$ 458 milhões, segundo os últimos números apontados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Tendo em vista que o mercado de cervejas está gerando emprego, renda e oportunidades, o Espírito Santo recebeu em 2019, a primeira Feira de Cerveja Artesanal Independente (ExpoBrew). O evento foi promovido pela Abracerva e reuniu 30 cervejarias artesanais com mais de 200 opções de bebidas.

Segundo a engenheira agrônoma Ingrid da Mata Gonçalves, eventos como workshops, campeonatos, feiras e concursos vêm fomentando esse segmento por meio de articulações da Abracerva e Acerva-ES. “Vale ressaltar que o agroturismo também vem caminhando de mãos dadas com esse universo, por meio de rotas que saem da área urbana para o interior”, manifestou a especialista.

Brasil como o terceiro maior produtor mundial

A cerveja tem um mercado em expansão que cresce anualmente no País. Tal observação pode ser comprovada por meio do mais recente ranking da Barth-Haas Group – empresa de produtos e serviços relacionados ao lúpulo. A empresa divulgou que o Brasil é o terceiro maior produtor mundial da bebida.

Com isso, diversos setores têm analisado novas formas de atrair o público. Diante da estagnação do volume total de produção, a cerveja artesanal vem se destacando para enriquecer ainda mais o comércio brasileiro.

Nos últimos dez anos, o número de cervejarias aumentou de 70 para 700 no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva). Apenas do ano de 2018, cerca de 185 fábricas foram registradas. Tal acréscimo equivale a 35% no ramo.

A especialista em bebidas fermentadas, engenheira agrônoma Ingrid da Mata Gonçalves, enfatizou que os números demonstram que o mercado cervejeiro no Brasil está em ótima fase. “Isso se deve, em grande parte, ao clima favorável do país ao consumo da cerveja, uma bebida que além de refrescante, é versátil, apresentando-se ao mercado consumidor em diferentes estilos”, explicou.

Força do mercado

Antigamente, o consumidor só encontrava marcas famosas de cerveja no mercado. Mas a realidade mudou. Com o crescimento anual, é comum encontrar rótulos de cervejas artesanais produzidos por micro, pequenas e grandes empresas.

A quantidade de bares, restaurantes e pubs demonstram a força exponencial do mercado. No total, 889 cervejarias com fabricação própria foram contabilizadas no País, só no ano passado. Os números do Anuário da Cerveja no Brasil de 2018 foram divulgados pelo Mapa.

A especialista disse que a preferência nacional é a cerveja Pilsen. “Contudo, com o surgimento das cervejas artesanais, outros estilos vêm se destacando, tais como a IPA, Stout, Weizenbier, dentre outros”, emitiu Ingrid.

Neste ano de 2019, o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv) estima um aumento de 5% do volume de vendas de cerveja produzida no Brasil, com crescimento de 2,5% do PIB. Além disso, a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) espera a expansão do segmento artesanal de 25% a 30%.

Leia mais sobre “Estudantes de Engenharia conhecem oportunidades do setor de cervejas artesanais”.



Texto Lara Mireny

Arte Graziela Santana

Comunicação Crea-ES


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