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Dia do Geógrafo: artigo reflete sobre a evolução da geografia ao longo da história

Publicado em 29 de maio de 2019 às 15:26, com última atualização em 31 de maio de 2019 às 15:00

No Dia do Geógrafo (29 de maio), confira abaixo artigo enviado para o Crea-ES. O texto é assinado pelo geógrafo Fabrício Costa Silva. O profissional fez um apanhado  da evolução da geografia ao longo da história e dos desafios enfrentados por essa ciência na contemporaneidade.


ARTIGO: O que é, para que serve e para onde vai a Geografia?

Pelo geógrafo Fabrício Costa Silva*

Há mais de dois milênios os gregos já exploravam a Geografia como ciência e filosofia, os macedônios utilizavam a Geografia como instrumento para planejar guerras e expandir seus territórios, assim fizeram também os romanos e outros impérios.

Durante a idade média, Marco Polo ajudou a difundir a ciência utilizando os conhecimentos geográficos em suas épicas viagens. Porém, foi no século XVIII que a Geografia começou a ser adotada como disciplina nos currículos universitários. Vale lembrar que neste período os ideais iluministas estavam em ascensão, influenciando fortemente as ciências a abarcarem aspectos culturais, políticos e filosóficos. Além disso, a Geografia dava conta de mapear e estudar a natureza, bem como a botânica, que no século XIX foi incorporada pela Biologia.

Evidentemente a Geografia passou por incontáveis mutações ao longo do tempo e espaço, aliás, Tempo e Espaço são dois dos conceitos mais importantes utilizados no estudo da Geografia moderna, que se dedica a compreender os processos e interações que ocorrem no “Espaço Geográfico” através do “tempo”.

O espaço geográfico é como uma “colcha de retalhos”, nele ocorre as relações sociais, as dinâmicas e processos da natureza, as interações e transformações culturais, a ocupação humana e a produção industrial. É neste espaço que nós e todos os seres vivos habitamos e neste espaço o tempo é o agente transformador. O Geógrafo se dedica a estudar e compreender este “tecido” complexo, plural e desafiador que é a Terra (GEO).

O Geógrafo atual é uma verdadeira enciclopédia, pois, ao longo da sua formação, ele agrega conhecimentos sobre economia, sistema político, antropologia cultural, meio ambiente, geologia, planejamento urbano e territorial, cartografia, climatologia etc. Percebe-se, portanto, que a Geografia é uma ciência bastante interdisciplinar, “um oceano de um palmo”, como costumava dizer Jean Louis Boudou, saudoso professor do departamento de Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo.

Esta interdisciplinaridade é acompanhada de uma grande responsabilidade, pois dá ao Geógrafo muitas funções, seja como profissional da educação, podendo lecionar em todos os níveis de formação, a depender ou não das suas especializações; planejador urbano e regional, contribuindo na elaboração de Planos Diretores Municipais (PDM), Planos de Habitação, Planos de Bacias Hidrográficas, entre outros; gestor de recursos ambientais, atuando em processos de licenciamento ambiental, mapeamentos de uso e ocupação do solo, diagnósticos ambientais; analista em geotecnologias, atuando com banco de dados geográficos, Sistemas de Informação Geográfica (SIG) etc.

Além destas funções, o Geógrafo também pode se dedicar à pesquisa nas mais diversas áreas e subáreas da Geografia Física e Humana; pode atuar como profissional de defesa civil, trabalhando na prevenção de desastres como os deslizamentos de terra e os alagamentos; na segurança pública, contribuindo para o planejamento estratégico e na prevenção da criminalidade, enfim, são muitas as áreas em que o Geógrafo pode atuar.

Atualmente os profissionais de Geografia são representados pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e pela Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB). Estas duas instituições têm um papel em comum: defender o espaço dos profissionais de Geografia. No caso do CREA, a responsabilidade é sobre os profissionais que realizaram bacharelado em Geografia e desenvolvem trabalhos com viés mais técnico. No caso da AGB, uma de suas funções é representar todos os profissionais de Geografia: licenciados e bacharéis.

Há muito espaço a ser ocupado pelos geógrafos, porém, estes profissionais eventualmente esbarram em alguns obstáculos, como a falta de conhecimento sobre as atribuições do profissional de Geografia, por exemplo. Esse desconhecimento sobre a profissão, por vezes, inviabiliza a contratação e inserção de Geógrafos no mercado de trabalho.

Numa perspectiva futura, os Geógrafos e os seus conselhos representativos precisam focar especialmente em duas problemáticas. Inicialmente, cobrar pelo aumento da disponibilidade de vagas em concursos públicos, uma vez que há poucos geógrafos atuando em órgãos públicos. O outro desafio é o desvio de função, que leva empresas e órgãos públicos a contratem profissionais de outras áreas, deixando de incluir os Geógrafos em seus processos seletivos. Cabe mencionar que a profissão de Geógrafo é dada pela Lei n°6.664, de 26 de junho de 1979 e cabe ao profissional cobrar dos conselhos representativos que as funções dadas em Lei sejam cumpridas, visando respeitar o espaço de atuação deste profissional.

*Fabrício Costa Silva

Fabrício Costa é Geógrafo, graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo, mestre em Geografia pelo Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade Federal do Espírito Santo, no qual dedicou-se a estudar a contribuição dos processos do meio físico, como os movimentos de massa e inundações; das dinâmicas do uso do solo e da relevância das Áreas de Preservação Permanente (APPs) no Planejamento Urbano e Ambiental. Atualmente é aluno do curso de especialização em Engenharia Ambiental, pela Faculdade Cândido Mendes e dedica-se a estudar as temáticas dos planos diretores; gestão das cidades; políticas urbanas; meio ambiente; geoprocessamento; ordenamento territorial e políticas públicas; cidade, sustentabilidade e qualidade de vida e; dos Sistemas de Informação Geográficas (SIG). Ao longo de suas experiências profissionais atuou em Planos Diretores Municipais (PDMs); Planos de Desenvolvimento Local Sustentável (PDLS); Planos Locais de Habitação de Interesse Social (PLHIS); Planos de Saneamento; Licenciamentos Ambientais; entre outros.


Informações contidas neste artigo são de responsabilidade do autor.



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