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O Custo da Pilhagem

Publicado em 09 de dezembro de 2014 às 17:46

Os escândalos de corrupção deixaram assustado o cidadão comum. Abre-se, no que se descobre a cada instante, mais um leque estrondoso de vazamento de dinheiro público, que não é denunciado pelo empresariado, porque são peças do processo. São tão responsáveis quanto os que, travestidos de cordeiros, de defensores da pátria e dos pobres, se integram, com eles, em quadrilhas de assaltantes para apequenar o país e se enriquecer ilicitamente.

Chegamos ao fundo do poço. De sacrilégios e deslizes, de ações e omissões, de leniências e negligências, assistimos ao que jamais imaginaria que, no mundo jurídico, pudesse existir.

A corrupção atinge, mais uma vez, a coisa pública: partidos políticos e mais o supra-sumo da elite das grandes empreiteiras nacionais, fazendo o que de mais sórdido pode existir numa república democrática. Vilipendiar o povo brasileiro, tomando de assalto a Petrobras, como já o fizeram no mensalão e também no metrô de São Paulo.

Nós, técnicos, pobres mortais, nos associamos, quase sempre, ao setor privado – micros, pequenos, médios e grandes empresários, inclusive com os produtores rurais - para melhorar as condições de produção e competitividade da economia. Gritamos aos quatro ventos, junto com todos os segmentos, contra o custo Brasil, que trava o processo de desenvolvimento: estradas e portos deficientes, aeroportos inconclusos, etc. De outro lado, mais custo Brasil, com carga tributária elevada, gasto público descontrolado e burocracias descabidas. E o custo da pilhagem se soma a tudo isso. Ninguém aguenta!

Chegamos a nos perguntar por que tantas vezes defendemos a iniciativa privada, até mesmo alguns pequenos, se muitos não merecem essa consideração? Primeiro, para alguns, nada gritam contra o “Custo Pilhagem”, porquanto o silêncio desobriga-os de examinar a própria culpa, sob pena de autodelação.

Segundo, se participam do esquema, colocam um garrote sobre o desenvolvimento econômico que alcança toda a sociedade, tem efeito “erga omnes”, pois provocam instabilidades institucionais, cujos resultados, mesmo com as vantagens das propinas de curto prazo, acabam repercutindo também em suas empresas, pelas profundas distorções que provocam. Provoca mais, destrói as possibilidades de termos um mercado mais justo e uma sociedade mais bem assistida.

Os profissionais da engenharia e da agronomia, e a sociedade como um todo tem que dar um basta nisso. Algumas medidas punitivas e disciplinadoras podem contribuir para reduzir a corrupção em todo o território brasileiro:

a) Aqueles que corromperam e os corrompidos devem pagar o justo preço pelo delito praticado, ou seja, cadeia aos corruptos e aos corruptores;

b) Manter vigilância constante sobre as articulações, as tramóias e os contratos obscuros entre o público e o privado, seja aqui ou no exterior;

c) Realizar projetos e editais que prevejam blocos de licitação para a mesma obra, reduzir a comprovação de patrimônio líquido das empresas participantes e admitir consórcios, para que não se restrinjam às grandes empresas as obras de vulto;

d) Propugnar pelo fim do custo pilhagem, pois de nada adianta fazer o discurso da redução do custo Brasil, se a roubalheira não acabar;

A bola está com todos os brasileiros: Ou vamos avançar e virar essa página deprimente de nossa história, ou vamos, juntos com os nossos filhos e netos, para um despenhadeiro sem fim. Que Deus nos ilumine e nos livre desse calvário.


Wolmar Roque Loss
Engenheiro Agrônomo, Ms. em Economia Rural e Desenvolvimento Econômico
Superintendente do Crea-ES


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