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Inspetor do Crea-ES comenta Reunião Anual de Pavimentação e Encontro Nacional de Conservação Rodoviária realizados em Maceió

Publicado em 30 de setembro de 2014 às 16:49, com última atualização em 30 de setembro de 2014 às 16:49

O Inspetor do Crea-ES, Eng. Civil Elson Gatto Filho participou da 43ª Reunião Anual de Pavimentação e 17º Encontro Nacional de Conservação Rodoviária, eventos realizados de 29/7 a 1º/8, em Maceió(AL). Confira os detalhes a partir de relato encaminhado pelo profissional.

43ª RAPv e 17º ENACOR

De 29 de julho a 1º de agosto de 2014, aconteceu em Maceió, AL, a 43ª Reunião Anual de Pavimentação e 17º Encontro Nacional de Conservação Rodoviária, realizados pela ABPv, ABDER e DER-AL e com diversos patrocinadores e apoiadores.

O primeiro dia contou com vários mini-cursos e abertura oficial. No segundo, a apresentação dos trabalhos começou cedo, por volta das 8h30min e logo se falou em CBUQ drenante, massa asfáltica com índice de vazios superior a 20%, muito parecido com o nosso tratamento superficial duplo que tanto foi usado até o início da década de 1990 e hoje é utilizado em estradas de baixo tráfego ou com outros nomes e com materiais betuminosos aditivados, mas com a mesma funcionalidade.

A massa, por ter muitos vazios, torna-se caracachenta e a água percola com facilidade na superfície, sem provocar aquaplanagem, diminuindo-se os buracos e aumentando a segurança em dias chuvosos, pois a sinalização horizontal fica mais realçada sem o filme de água que a esconde em capas fechadas. O estudo foi feito com 2 tipos de material betuminoso: o com CAP 30/45 com 4% de SBS e o com 20% de borracha moída de pneus. A velocidade de escoamento da água ficou superior a 0,6 cm/s.

O dope (modificador de pH) utilizado foi a cal hidratada, o que causou a primeira intervenção do Dr. Mello, bastião da Engenharia Rodoviária Brasileira. "O que muitas vezes dá errado no dope é que no Brasil é utilizado asfalto proveniente de diversas origens de petróleos de vários locais diferentes. Além do mais, o problema do asfalto drenante é a ação dos raios solares na parte da superfície desprotegida pela própria massa".

Logo após, houve um trabalho de avaliação mecanicista de pavimentos, onde foi mostrada a facilidade na utilização de um software gratuito, o SISPAV BR. Foi apresentada, também, a utilização de enzimas na estabilização de solos para pavimentação.

Houve uma palestra muito interessante sobre a implantação do VLT em Maceió, de Jaime Waisman, da USP, as inovações e desafios da obra – em fase de licitação. Disse que o Brasil já teve a maior rede de bondes do mundo e que funcionava muito bem.

O trabalho seguinte foi sobre se devemos seguir a norma de descanso de 72 horas da mistura de cimento e solo argilo-arenoso antes de compactar. A conclusão, logicamente, foi contrária ao descanso, como todos prevíamos.

Houve muitos trabalhos acadêmicos de grande valor de pesquisa, mas pouco valor de mercado.

Muitos técnicos e dirigentes reclamaram o óbvio: os projetos são muito ruins! Vimos muitas pessoas reclamando da falta de recursos para o setor e somente soluções de enfrentamento. No Paraná, o Governo pretende arrecadar 160 milhões de reais em multas para cobrir o orçamento rodoviário.

O desenvolvimento de misturas betuminosas mornas, evitando-se o envelhecimento precoce da massa, sistemas de reabilitação de pavimentos com utilização de TI, utilização de betume com alto ponto de amolecimento e mistura de argila nas emulsões também foram tratados no evento.

Novamente o superpave foi apresentado como solução de ensaios mais modernos e eficientes para a atualidade. O nosso ensaio do Murilo, para pavimentos, foi duramente criticado, pois vai fazer 50 anos e, embora tenha havido avanços tecnológicos nos agregados, aglomerantes, modificadores, equipamentos, meios de transporte, motores etc., o método adotado pelo DNIT é de meados da década de 1960. De lá pra cá, quanta coisa mudou no mundo inteiro, menos os cálculos de pavimentos.

Sendo assim, foi anunciado o início de estudos mais incisivos neste sentido, com várias universidades, IPR e outros institutos de pesquisa para que em até 4 anos, tenhamos nosso método de dimensionamento de pavimentos para o século XXI.

Na parte de contratação, falou-se dos avanços conquistados com a implantação do RDC – regime diferenciado de contratação.

Na seção de pontes, houve uma palestra em comemoração aos 40 anos da inauguração da Ponte Rio-Niterói, um marco na construção e manutenção da Engenharia Brasileira. Apresentou-se a evolução no gerenciamento de pontes com utilização da Tecnologia da Informação – TI, e o micronivelamento de pavimentos rígidos para o aumento de conforto ao usuário.

Foram apresentados alguns trabalhos sobre a engenharia ferroviária e o lançamento de um livro sobre o setor.

Pela sustentabilidade, foram apresentados interessantes estudos no uso de casca de tucumã, seixos rolados em massas asfálticas e o uso de cinza de casca de arroz na estabilização de material fresado.

Enfim, o evento foi um grande sucesso de público e de propostas técnicas para nosso futuro de curto e médio prazos. A 44ª RAPv e o 18º ENACOR será em Foz do Iguaçu, com promessas de avanço em muitos trabalhos apresentados neste ano e novos estudos. Quem se habilita?

Vitória, 29 de agosto de 2014.
Elson Gatto Filho.


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